Como configurar corretamente o radar do seu barco
Configurar corretamente o radar do seu barco é um dos requisitos mais importantes que devem ser dominados pelos comandantes de embarcações.
Neste artigo, o especialista náutico John Mendez fala ao site Motorboat e explica como configurar corretamente o sistema de radar do seu barco, para que o sistema esteja pronto e seja eficiente quando você mais precisa dele.
O “adestramento” começa considerando que normalmente as pessoas só lembram da utilidade de um radar quando estão diante de um nevoeiro e próximos a uma iminente “navegação em baixa visibilidade”. A atitude mais coerente e crucial para o bom desempenho do equipamento de radar de bordo é fazer os ajustes necessários em tempo claro, com alvos visíveis para que você possa ver as mudanças na imagem conforme ajusta as configurações. É importante fazer isso antes de encontrar qualquer sistema de visibilidade restrita. Caso contrário, como você saberá se está funcionando corretamente?
As configurações são ajustadas com botões individuais ou teclas de função. As principais variáveis são a escala de distância (range), brilho (brightness), ganho (gain), ajuste (tuning) e interferência do mar (sea clutter) e da chuva (rain clutter). O primeiro ajuste a ser feito deve ser o alcance ou escalas de distância, pois precisa ser definido em relação à sua localização. Em um porto, geralmente meia milha é a escala certa.
Em seguida, explica Mendez, vem o ganho, que ajusta a sensibilidade, algo como como o silenciador em um VHF; se colocar muito, a imagem se torna um borrão; se aplicar pouco ganho, os alvos desaparecem.
O próximo passo é o ajuste, e você está procurando uma imagem nítida de um bom alvo sólido. Agora tente tudo isso novamente em uma escala diferente; conjuntos mais antigos geralmente precisam de ajuste a cada mudança de escala. Conjuntos mais modernos geralmente têm uma função de auto ajuste, mas ainda vale a pena ver se isso dá uma imagem melhor ou pior do que a sua.
O ajuste final do radar do barco é para interferência do mar e chuva; a agitação do mar provoca o retorno das ondas – objetos muito pequenos como boias de navegação podem se perder na confusão de ondas refletidas perto do barco, onde muita coisa desaparece. É um equilíbrio delicado, explica o especialista.
A interferência da chuva forte afeta a imagem, que geralmente aparece como bolhas de algodão na tela. Nesse caso, use o ajuste rain clutter, ele permite que você obtenha alguma clareza através da chuva. A maioria dos proprietários de barcos de esporte e recreio prefere manter a “tela do radar no modo de cabeça para cima”, com a linha de fé apontando para o 000º, assim todos os alvos aparecem em relação ao rumo do barco.
Mendez explica que pessoalmente prefere manter o norte para cima, o que possibilita uma melhor condução, especialmente em portos desconhecidos, já que a terra terá a mesma aparência de um mapa. Porém, tenha cuidado, as mudanças na altura da maré podem fazer com que a terra tenha uma aparência estranha.
Ele lembra uma dica importante e muito cobrada em provas de navegação: deixar visível a Electronic Bearing Line (EBL) e posicioná-la sobre um alvo que possa representar perigo de colisão em potencial. É só ajustar e observar após alguns minutos: marcação constante e distância diminuindo é risco de colisão na certa.
Você também pode usar o marcador de distância variável (Variable Range Marker – VRM), que fornece uma distância precisa ao alvo em vez de apenas usar os anéis de distância. Muitos sistemas também oferecem uma escolha de modos de operação – porto, litoral e offshore – que ajustam o tipo de transmissão.
Os sistemas de radar tradicionalmente mostram um movimento relativo – onde o seu movimento em relação a outros barcos é mostrado. Porém, alguns sistemas mais complexos também permitem o movimento real.
Vídeo: Como configurar corretamente o radar do seu barco
Fonte: Motorboat
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Reginaldo Mauro Neves é fundador e administrador do Clube do Arrais. Mestre-Amador, Veterano da Marinha do Brasil | Ex-tripulante da Fragata "Liberal" (1991-1993) | Operador de Radar na Fragata "Independência" (1995-1997) | Controlador Aéreo Tático Classe "Alfa" na Fragata "Dodsworth" (2000 - 2003) | Controlador Aéreo Tático Classe "Alfa" na Fragata "Greenhalgh" (2003 - 2005) | Encarregado da Seção de Segurança do Tráfego Aquaviário na Agência Fluvial de Imperatriz-MA (2008 - 2011)